Gravação telefônica revela conversa suspeita entre presidente e funcionário da Apae de Bauru três dias após desaparecimento de secretária
07/12/2024
Polícia encaminhou arquivo ao Departamento de Homicídios, que investiga o suposto assassinato da ex-secretária executiva da Apae de Bauru (SP), Cláudia Lobo. Em paralelo a isso, também é apurado um suposto desvio milionário na entidade. Conversa telefônica revela ligação entre suspeitos pelo desaparecimento de Claudia Lobo
Um áudio ao qual o g1 e a TV TEM tiveram acesso revela uma conversa entre Roberto Franceschetti Filho, então presidente da Apae de Bauru (SP), e Dilomar Batista, então funcionário da instituição, três dias após o desaparecimento de Cláudia Lobo, secretária executiva da entidade.
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Na gravação, os dois trocam falas desconexas e utilizam códigos que, segundo a Polícia Civil, podem estar relacionados à ocultação do cadáver de Cláudia.
Gravação telefônica revela conversa suspeita após desaparecimento de Cláudia Lobo
O conteúdo foi encaminhado ao Departamento de Homicídios, uma vez que o inquérito sobre o desaparecimento da mulher já havia sido encerrado.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que Cláudia foi assassinada, apesar de ainda não terem sido liberados todos os laudos necessários para confirmar oficialmente a causa da morte dela.
Suposto assassinato
Cláudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, foi vista pela última vez em 6 de agosto de 2024, quando saiu do trabalho na Apae, onde atuava como secretária executiva.
Imagens de câmeras de segurança mostram a mulher indo até o carro da entidade, que estava estacionado em uma rua perto da sede (assista abaixo).
Funcionária da Apae desaparece após sair do local de trabalho em Bauru
A Polícia Civil confirmou que ela foi assassinada na mesma data de seu desaparecimento, e os indícios apontam para o ex-presidente da Apae, Roberto Franceschetti Filho, como o principal responsável.
De acordo com as investigações, Roberto teria matado Cláudia com um disparo de arma, no próprio carro da instituição.
Após o assassinato, Roberto teria acionado Dilomar Batista para ajudá-lo a ocultar o corpo, sob ameaça, segundo o próprio ex-funcionário em depoimento.
Mais tarde, Dilomar confessou à polícia que queimou o corpo de Cláudia em uma área rural de Bauru, com a ajuda de Roberto.
Corpo foi descartado e queimado por quatro dias em uma área rural de Bauru (SP)
Polícia Civil/Divulgação
Desvios milionários
Paralelamente a essa apuração, a Polícia Civil também deu andamento às investigações sobre desvios de recursos públicos na Apae, que foram revelados após o desaparecimento de Cláudia.
O esquema de corrupção envolvia superfaturamento de contratos, pagamentos a funcionários fantasmas, "rachadinhas" e, até mesmo, transferências de dinheiro diretamente para os investigados.
Celulares, joias, carros e outros itens foram apreendidos pela polícia em Bauru (SP)
Anderson Camargo/TV TEM
Durante as investigações sobre os desvios, foram encontrados documentos, mensagens e áudios que mostraram a relação próxima entre os envolvidos, incluindo Cláudia e Roberto, e a maneira como gerenciavam as finanças da instituição.
A descoberta de irregularidades financeiras na Apae culminou na abertura do inquérito sobre os desvios de recursos, que resultou nas prisões de oito pessoas:
Letícia da Rocha Prado Lobo: filha de Cláudia Lobo. Letícia é acusada de envolvimento no esquema de desvio de recursos da instituição;
Ellen Siuza Rocha Lobo: irmã de Cláudia, Ellen também foi presa sob suspeita de participação no esquema investigado pela Polícia Civil;
Pérsio de Jesus Prado Júnior: ex-marido de Cláudia e pai de Letícia é apontado como um dos beneficiados pelas fraudes realizadas na entidade;
Diamantino Passos Campagnucci Júnior: cunhado de Cláudia, casado com Ellen, Diamantino foi detido por suspeita de envolvimento no desvio de recursos da Apae;
Renato Golino: ex-coordenador financeiro da Apae, Renato é investigado por seu papel administrativo na entidade. Ele pode ter facilitado os desvios;
Maria Lúcia Miranda: a atual coordenadora financeira administrativa da Apae foi presa em Pederneiras (SP) e passou por audiência de custódia em Jaú (SP);
Renato Tadeu de Campos: policial militar aposentado que prestava serviços de segurança à Apae. Durante a operação, armas sem registro foram encontradas em sua posse, contribuindo para sua prisão;
Felipe Figueiredo Simões: a polícia não passou informações de qual seria o envolvimento de Felipe no esquema. O empresário tinha um mandado de prisão expedido por suspeita de participação no esquema que acabou não sendo cumprido durante a operação na terça-feira (3) e se apresentou com o advogado na delegacia de Pirajuí (SP) na quarta-feira (4).
Após o pedido da Polícia Civil, a Justiça prorrogou, no começo da tarde desta sexta-feira (6), por mais cinco dias, a prisão preventiva dos oito envolvidos no esquema.
Segundo a Polícia Civil, Roberto e Cláudia estavam à frente do esquema de corrupção e movimentaram mais de R$ 6,8 milhões em contas bancárias de forma ilícita.
Saiba quem são os presos na operação contra desvios milionários da Apae de Bauru
Reprodução
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